quinta-feira, 14 de março de 2013

Dói Sonhar

Chega a noite.
Adormeces-me no silêncio da tua maré.
Escureces o que nos envolve,
e de olhos fechados,
estas no teu mundo.
Escuto só o teu silêncio
e o mistério és tu.
Reviro neste vazio,
as perguntas mudas que te quero contar.
O teu silêncio escuro, gela-me o sentido.
Agora vejo-te dormir.
No nosso silêncio posso olhar-te.
Sempre gostei de ver a magia
que começa quando um olhar se fecha.
Emudeces no suave balanço em que respiras.
Adormeces e eu a olhar-te.
Não sei quem és, o que sentes,
mas posso olhar-te.
Quero saber-te,
mesmo sentido que és sonho e,
daqui a instantes nos vais acordar.
Passou a noite e
os nossos corpos amanhecem no silêncio que fomos.
Não dizemos.
Não tocamos.
Não nos olhamos.
Tentamos fingir que não me viste,
e que não te vi dormir.
Não nos pertencemos.
Não somos nada.
A  manhã rompe o silêncio...
de dia, dói mais sonhar.

Só me tiveste.

Nunca me beijaste,
mesmo quando a tua língua entrou na minha boca.
Nunca me adormeceste nos braços,
enquanto dormiste ao meu lado.
Nunca me deste a mão...
Nunca sentiste as minhas mãos.
A carícia, não existiu. Morreu.
Viste-me. Nunca me olhaste.
O meu rosto,
nunca te sentiu o toque.
Só me tiveste...
em sobressaltos de desejo,
mergulhos de prazer numa urgência infinita.
Tiveste-me
mas não sabes quem eu sou!