segunda-feira, 12 de julho de 2010

"Nosso Malfadado Fado"

Foi esse olhar reservado, que me fez sentir-te como sinto o Fado:
- Coração a latejar, Sorriso e lágrima,
Asas de oiro pra voar
e o braço arrepiado, quando apertado,o coração inspira Fado
- e só O quer respirar!


Como um velho cacilheiro,na acalmia do Tejo,
Teimaste aparecer
Nesse teu sorriso maroto,
No fundo escondes um garoto
Com medo de ser ver crescer.


Logo o meu corpo quis ser guitarra, onde a carícia dos teus dedos,
tocasse melodias de prazer.
E na sintonia dos primeiros acordes
(mesmo com compasso "descoordenado")
Entre suaves sussurros e gemidos loucos,
A pauta de um Fado, começámos a escrever.

Eu quis depois gritar PAIXÃO!
Mas o destino, astuto, disse-me - não!
e Foi Malfadado este nosso Fado.

É empasse enguiçado, de quem não quer perder
Noites de colo e tamanha ternura,
de abraço confortado,
Mas sem coragem de ceder, á aventura de querer Viver
Este tão novo e já tão triste Fado.

Na boca guardo ainda, o gosto do beijo que a tua me deu
E ouvindo o pulsar do nosso Fado,
Mantenho inquieto o desejo, de ter o teu corpo no meu.


Carrego na alma a pena,
Pelo Amor sonhado, que afinal não se gerou...
Ai! Malfadado Fado!!!-
- Mesmo como amantes, o destino nos atraiçoou.

Foi na noite mais quente, que a guitarra da gente já não tocou.
Deixámos entrar o silêncio que o nosso medo,
Transformado em Malfadado Fado,
Consentiu.... Esmorecer.... e Calou.

Quisemos tanto ser a felicidade na Alegria,
Mas do nosso Fado só tivemos Saudade e Nostalgia ...
E Hoje Somos gemido rouco e magoado,
De um simples e triste Fado,
Que antes de ser cantado...
ACABOU.


PatríciaR ( 6 Junlho 2010)